A arte de desacelerar

A arte de desacelerar: encontrando paz na rotina agitada

Por Clara Vital – Psicóloga e colunista de bem-estar

Quantas vezes você já disse “só preciso de um minuto de paz”?
E quantas vezes esse minuto virou mais um item perdido na sua lista interminável de afazeres?

Vivemos em um tempo em que ser produtiva virou quase uma exigência moral. Como se o valor de uma mulher estivesse diretamente ligado ao quanto ela consegue fazer — e dar conta — em 24 horas. Mas e quando esse ritmo começa a nos esgotar por dentro? E quando o corpo dá sinais, mas a mente não permite parar?

Hoje quero te convidar a refletir sobre a arte de desacelerar.
Não como um luxo, mas como um ato profundo de cuidado consigo mesma.

A pressa como padrão silencioso

Com frequência atendo mulheres que vivem em um estado constante de urgência: trabalho, filhos, contas, compromissos... e o autocuidado vai sendo adiado indefinidamente. A desconexão com o momento presente se torna tão habitual que respirar fundo já parece estranho. E é aí que mora o risco — normalizamos o cansaço, anestesiamos a ansiedade e seguimos no automático.

Mas desacelerar não significa largar tudo. Significa, antes de tudo, reconhecer quando é hora de respirar e realinhar o compasso interno com aquilo que importa.

Mindfulness: estar presente de verdade

Uma das práticas que mais indico para minhas pacientes é o mindfulness, ou atenção plena. Pode parecer algo distante ou até esotérico, mas na prática é simples: trata-se de prestar atenção ao agora, sem julgamento.

Você pode começar com 3 minutos.
Sente-se, feche os olhos e apenas respire. Observe o ar entrando e saindo. Quando a mente fugir — porque vai fugir —, traga-a de volta com gentileza. Não se trata de esvaziar a cabeça, mas de acolher o que está aí com presença.

Esse exercício simples pode ser feito no intervalo do café, no carro, antes de dormir. Ele funciona como um botão de "pausa" que o corpo e a mente agradecem profundamente.

Respiração consciente: o retorno ao eixo

Outro recurso poderoso (e gratuito) é a respiração consciente. Em momentos de estresse, nosso corpo tende a acelerar a respiração e entrar em estado de alerta. Mas quando respiramos de forma lenta e profunda, enviamos ao cérebro a mensagem de que está tudo bem. Isso regula o sistema nervoso, reduz a ansiedade e traz clareza emocional.

Tente agora: inspire em 4 segundos, segure por 2, expire lentamente em 6. Repita por 3 vezes.
Como você se sente?

Pausas intencionais: o autocuidado em ação

Por fim, falo das pausas intencionais — aquelas que você escolhe fazer, mesmo quando tudo diz para seguir correndo. Pode ser uma xícara de chá saboreada sem pressa. Pode ser um banho tomado com consciência. Pode ser o silêncio entre um compromisso e outro. O importante é lembrar: você não precisa se justificar por querer descanso.

Desacelerar é um direito. E mais do que isso: é uma maneira de viver com mais verdade.

Um convite para hoje

Que tal escolher um momento do seu dia para simplesmente parar? Apenas um. Comece pequeno.
Aos poucos, sua mente aprenderá que não está em guerra. E que o autocuidado não é egoísmo — é sustento.

Com carinho,
Clara

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